12 de jul. de 2011


 Eu estava sentada na areia de frente pro mar, em frente à casa de praia dos pais da Lisa - minha melhor amiga -, onde a maior festa do ano estava rolando desde às 18 hrs - e agora eram 5:30 hrs da manhã. Eu tinha saído porque queria ver o nascer do sol e também porque não aguentava mais ficar lá dentro, eu já tinha visto coisas demais - eu falei sério quando disse que essa era a maior festa do ano. Mas não foi exatamente por isso que eu saí. Esta noite eu tinha visto o meu melhor amigo se agarrando com a menina que eu mais odeio na face da Terra, a Kate, e a minha melhor amiga se agarrando com um menino que eu nunca vi antes - não que isso fosse novidade. Enfim, eu precisava de ar - e de pensar um pouco. Estava olhando as ondas quando ouvi alguém atrás de mim, dizendo:
  - O que você está fazendo aqui, sozinha? 
  Era o meu melhor amigo, Alex, o que estava se agarrando com o ser mais desprezível do mundo. Olhei pra ele e disse:
  - Olhando o sol nascer, e estou pensando em dar uma caminhada.
  - Ah, posso ir com você? - perguntou ele, sorrindo, ele está sempre sorrindo.
  - E a Kate? Deixou ela sozinha lá dentro?
  - Ela vai ficar bem, garanto - já não havia mais nem sobra de sorriso em seu rosto. - Mais e aí, você vem ou não? - disse ele, sorrindo de novo. 
  Me levantei e corri para acompanhá-lo. Ficamos um tempo andando em silêncio - meio incômodo da minha parte - até que ele segurou a minha mão. Olhei para nossas mãos juntas, depois para o rosto dele - ele estava bem sereno, como se nada estivesse acontecendo, como se não estivesse passando uma corrente elétrica pelas nossas mãos naquele exato momento, mas talvez só eu pudesse sentir - depois olhei nossas mãos de novo e perguntei:
  - O que é isso? - e levantei nossas mãos unidas.
  - Estou segurando a sua mão. O que é, não pode? - disse ele, me olhando. Queria ressaltar que ficava meio complicado conseguir pensar direto com ele me olhando daquele jeito, e ainda mais me tocando.
  - Pode. Mas não ia parecer outra coisa? Sei lá, vai que a Kate vê a gente...
  - Você pode, por favor, esquecer a Kate? Eu só quero saber de nós dois, e do tempo que a gente têm perdido.
  - Ei, era você que estava se agarrando com ela, não eu. Nós dois? Posso saberque nós dois?
  - Esse nós dois - e então ele me beijou.
  Eu estava sentindo que tinha algo de muito errado naquela cena. Qual é, ele era o meu melhor amigo - e melhores amigos não saem por aí se beijando. Empurrei-o - pode acreditar, me custou muito fazer isso - e disse:
  - Posso saber de onde veio tudo isso? Até ontem você me considerava uma irmã e há cinco minutos atrás estava se agarrando com outra garota, e agora você me beija? Sinto muito, mas eu estou perdidinha aqui.
  - Sua boba, eu sempre amei você, e você nunca percebeu isso. Até a Lisa sabia. Mas você nunca demonstrou nada e eu tentei namorar outras garotas, lembra da Jane? Mas nunca deu certo, porque eu ainda amava você, e continuo amando. E agora não dá mais pra aguentar. 
  Levei uns dois minutos pra processar tudo, até que eu disse:
  - E quanto a Kate?
  - Foi só pra te fazer ciúmes, e acho que eu consegui - disse ele, rindo.
  - Não achei nem um pouco engraçado.
  - Qual é, vai dizer que não sentiu nem um pouquinho de ciúmes? Você não está nem um pouco afim de entrar lá e dar um tapa nela?
  - Não, eu prefiro fazer isso em você - eu disse, enquanto batia nele repetidas vezes.
  - Ei, ei, ei. Tá bom, né? Por que tudo isso? - ele segurou meus pulsos, enquanto eu tentava me soltar.
  - Porque eu também te amo e você me deixou esperando esse tempo todo - eu disse.
  - Então em vez de me bater, não seria melhor fazer isso? - e aí ele me beijou de novo. E, eu tenho que admitir, isso era mil vezes melhor do que dar uns tapas nele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário